20.9.10

A espécie humana surgiu entre 30 mil e 10 mil anos atrás. Entre 10 mil e 6.500 anos atrás, os seres humanos começaram a se estabelecer em determinadas regiões do Oriente Médio, tais como: Palestina, Egito, Mesopotâmia. Os grupamentos sociais humanos pré-históricos operaram uma transição importante nessa época. Passaram, gradualmente, de grupos “caçadores e coletores” para grupos “agricultores e pastores”. O nomadismo foi substituído pelo sedentarismo e, por volta de 6.500 anos atrás, os grupamentos humanos já se encontravam situados em territórios específicos, principalmente nas regiões citadas acima.

No período em que os grupamentos humanos começaram a habitar um mesmo território de forma perene, iniciou-se seu processo de enraizamento à terra habitada, onde se trabalhava coletivamente para o seu cultivo, surgindo então, as condições necessárias para o advento da escrita.

Embora a escrita seja vista por diversos autores como uma forma de melhoria na transmissão da informação, ou seja, um avanço no processo comunicativo dos seres humanos, fortes indícios existem de que a motivação principal que levou os seres humanos ao registro da informação em suporte materiais foram fatores econômicos.

Muitos povos, como veremos a seguir, foram importantes no que diz respeito ao início da cultura letrada.
O aparecimento e desenvolvimento da escrita for a de grande importância e amplamente utilizado para o registro de mitos, lendas, poesias e administração.

Os Sumérios

A necessidade de controlar a administração, contabilidade, cobrança de impostos, marca de propriedades, transações comerciais e tantos outros registros fez com que surgisse na Mesopotâmia, por volta de 3.300 a.C o primeiro sistema da linguagem escrita, a cuneiforme. Eram pintados ou encravados na pedra e feitos também com varetas em pequenas tábuas de argila, sinais em forma de cunha. Baseado em formas do mundo, os pictogramas foram por praticidade, se tornando mais simples. Quando os sumérios desejavam que seus registros fossem permanentes, as tabuletas eram colocadas em forno, esse processo garantia a preservação de seus relatos por um longo tempo. Com o passar do tempo a escrita foi se popularizando e toda a Mesopotâmia utilizava-se desse método para se comunicar.

Os Egípicios

As questões econômicas, religiosas e políticas (que tinham a necessidade de registrar os feitos do rei) fez com que surgisse no Egito a escrita. No início, a escrita era composta por hieróglifos, apenas pessoas que tinham poder sobre a população, como por exemplo, os sacerdotes, tinham acesso a esse conhecimento. Com o tempo, essa escrita evolui para formas mais simplificadas, a hierática que possui as mesmas bases do hieróglifo podendo ser pintada em pairos e até placas de barro, e a demótica, uma maneira aparentemente mais bonita da escrita hieroglífica que alcançou outros setores da vida social. A invasão de povos estrangeiros gerou uma enorme mistura na língua e escrita dos egípcios fazendo com o que a escrita hieroglífica se perdesse com o tempo.
A maior contribuição dos egípcios foi a criação do papiro (material leve, fino e mais manuseável) que modificou o mundo da escrita.

Os Fenícios

O alfabeto fenício composto por 22 sinais (sendo todos consoantes) criado pela necessidade de controlar e facilitar o comércio. Perfeito e difundido no mundo antigo, tanto no Mediterrâneo quanto no Oriente Médio, graças a habilidade de navegação e relações comerciais daquele povo. Por ser simples e de fácil entendimento marca o início que pode se chamar de democratização da escrita. A maior importância do alfabeto fenício está no fato de ter sido a base do alfabeto que usamos até os dias atuais.


Os Gregos

Os diversos contatos comerciais que os gregos mantinham com os fenícios influenciaram na criação do primeiro código alfabético completo. Os gregos modificaram o alfabeto fenício introduzindo os sons vocálicos, sendo assim, esse sistema de escrita passou a conter 24 sinais, incluindo consoantes e vogais. Outra mudança de grande importância foi na forma de se escrever, que passou a ser da esquerda para direita. Ao que sabe-se, a escrita grega teve apenas uma classe de escribas, e mesmo que não tenha alcançado toda a sociedade, parte dela conseguiu ter acesso a esse conhecimento. Por conseqüência, enormes bibliotecas foram criadas na Grécia e, a partir daqui, desenvolve-se a escrita em trabalhos de filosofia, artes plásticas, narrativas mitológicas, arquitetura, entre outros.
Os gregos tiveram grande importância, no que se refere à invenção de suporte informacional, pela criação do pergaminho, feito com material mais resistente e caro que o do papiro.


Os Chineses

A escrita chinesa é uma das mais antigas e mais utilizadas do mundo. A invenção da escrita chinesa promoveu o desenvolvimento da cultura chinesa e influenciou o desenvolvimento da cultura mundial.
Nas milenares ruínas de Banbo foram encontrados sinais de 50 tipos de escrita chinesa. Eles eram ordenados e padronizados, contando assim com características de hieróglifos(é cada um dos sinais da escrita de antigas civilizações, tais como os egípcios, os hititas, e os maias. Também se aplica, a qualquer escrita de difícil interpretação, ou que seja enigmática).Para especialistas, tais sinais foram brotos da escrita chinesa.
A escrita chinesa foi sistematizada no século 16 a.C durante a Dinastia Shang(começa em 1766 a.C. e termina em 1122 a.C.Empreendendo esta nova dinastia, onde se inicia o comércio e a olaria. São inventados o arco e flecha, o calendário chinês e se aperfeiçoa a escrita.A agricultura era a principal atividade da economia chinesa antiga. Por isso, os dois grupos principais da sociedade estavam ligados à terra: os camponeses e os nobres.). Os registros históricos comprovam que no início desta dinastia a civilização chinesa já se encontrava num estágio muito avançado, o que se vê pelo surgimento da inscrições em ossos ou carapaças de tartaruga. Na Dinastia Shang, os ossos e carapaças de tartaruga eram muito utilizados em rituais religiosos. O imperador, por exemplo, as utilizava em sessões voltadas às predições sobre o futuro. Os traços e sinais dos ossos e carapaças eram interpretados como prenúncios da sorte ou do azar. Umas peças foram arquivadas por que seus sinais foram identificados com algum evento ou acontecimento.
A China possui um acervo ritualístico com mais de 160 mil peças. Poucas, no entanto, sobreviveram intactas ao tempo. Algumas portam 4.000 caracteres de todo tipo de escrita chinesa, dos quais, mais de 3.000 já foram comprovados por arqueólogos. Mas, apenas mais de mil foram decifradas por especialistas. A maioria registra passagens da vida política, econômica e cultural da dinastia Shang. Depois das inscrições em ossos e carapaças de tartaruga, a escrita chinesa evoluiu para as peças em cobre ou outros materiais.
O processo de evolução da escrita chinesa, depois de várias fases e formas, finalmente fixou os traços fundamentais, tais como traços horizontais, vertical, inclinado... A escrita regular, ou letras de molde tornaram-se o padrão da escrita chinesa.
A escrita chinesa se base em hieróglifos, contando com mais de dez mil caracteres, porém, dos quais, mais de 3 mil são mais usados que se formam palavras e frases bem diversificadas
A escrita chinesa exerceu profundas influências aos países vizinhos. Segundo registros, as escritas do Japão, Vietnã e Coréia foram desenvolvidas na base da escrita chinesa.

Os Árabes

A língua árabe é empregada em diferentes dialetos do Marrocos ao Iraque. Entre os muçulmanos é considerada uma língua sagrada, já que foi por seu intermédio que o Alcorão foi revelado.
A partir de 622 d.C., ano da Hégira (quando Maomé fugiu de Meca e se refugiou em Medina, marcando o início do calendário muçulmano), o árabe se converteu na língua viva mais difundida dentro do tronco das línguas semíticas. Na atualidade, cerca de 150 milhões de pessoas consideram-na seu idioma materno.
Existem duas variantes: o árabe clássico e o popular. O clássico representa a língua sagrada do Islã e nasceu na antiga tradição de literatura oral dos povos nômades pré-islâmicos. O Alcorão foi ditado no árabe clássico e é nesta língua que o povo reza nas mesquitas, repetindo, em voz alta, as longas suras que, segundo a crença, foram ditadas a Maomé pelo arcanjo Gabriel. O árabe coloquial é uma língua normativa, utilizada nas conversas e nos meios de comunicação. O sistema fonético conta com 28 consoantes e três vogais com um som longo e outro breve.
A escrita árabe, que procede da aramaica, é realizada da direita para a esquerda e os livros são lidos de trás para frente. É baseada em 18 figuras distintas que variam segundo a letra. As 28 consoantes são formadas graças a uma combinação de pontos acima e abaixo dessas figuras.
Vários termos árabes foram assimilados pelos povos conquistados, como ocorreu em Portugal durante a Idade Média. Algumas dessas palavras são: nora, quilate, canal, arroz, sentinela e todas as palavras iniciadas por al e el, por exemplo algodão, alfândega, alcácer e alcalóide. Cargos políticos — vizir, alcaide e xeque — e topônimos, como Almeria e Zaragoza, também tiveram sua origem na língua árabe.